Dança Cigana
Segundo alguns
pesquisadores, há cerca de mil anos atrás os ciganos teriam saído do norte da Índia,
região do atual Rajastão, e seguido 3 diferentes rotas comerciais: a rota
oriental, que passava pelos países do Oriente Médio, a rota do Mediterrâneo,
por Turquia e Bálcãs, e a rota da seda, que seguia pela Ásia Central. Esses
três diferentes grupos migratórios se sincretizaram tanto étnica como
culturalmente, adquirindo características dos locais onde passaram ou se estabeleceram.
Os três principais
clãs ciganos - rom, sinto e calom - compartilham de algumas
tradições, tais como a endogamia, o conselho de anciãos (kris
roma), o conceito de pureza (marimé), vendeta
familiar, ritos funerários (pomaná), nomadismo, música e dança rituais,
leitura da sorte (drab), liberdade (kerdian), misticismo intenso
(deula) de caráter xamânico, comercio, artesanato em
metais e uso da língua romani, além dos mais de 60 dialetos que
existem.
As danças ciganas
refletem a diversidade de tradições das regiões por onde esses grupos
estiveram. Segundo a maioria dos pesquisadores, czardas e botolo tanc no Leste
europeu, danças húngaras e romanescas, assim como o kocek dos Bálcãs, são
dançadas por ciganos que utilizam alguns elementos coreográficos, adereços e
códigos gestuais de modo particular que os identifica entre si.
A kalbelia
do Rajastão e o flamenco espanhol são as únicas danças propriamente ciganas.
Mas pode-se dizer que, de um modo geral, a ciganidade está mais no modo
intenso de sentir e expressar as emoções durante a dança do que nos seus passos
específicos.
Ciganos no Brasil
desde os tempos coloniais
Estima-se que haja
cerca de 600 mil ciganos no Brasil vivendo de modo tradicional. A maioria
deles são ciganos de origem ibérica, que chegaram durante o período
colonial, e uma minoria, em geral mais urbana, formada por indivíduos oriundos
do Norte e Leste europeu, que vieram na segunda leva imigratória para as
Américas, ocorrida no século XIX.
O clã ibérico é denominado calom ou caló por falarem o dialeto caló e se formou, segundo Ian Hankook e John Geipel, pela chegada nas região ibérica de dois grupos migratórios distintos: um vindo da Europa no século XIV, onde transitavam com supostas cartas de nobreza do Egito, e outro da Grécia (também confundida com o Egito nas tradições orais ciganas, por que era chamada “pequeno Egito”). Geipel afirma também que esse grupo se miscigenou com árabes, muçulmanos e mouriscos, durante a perseguição católica aos mouros.
Desde 1496, a população de origem árabe e judaica que não se converteu ao cristianismo foi expulsa das metrópoles de Portugal e Espanha para as colônias. O primeiro decreto envolvendo os ciganos na deportação, data de 1735. Foi grande o número de cristão-novos e ciganos que vieram para cá durante o período colonial, compondo o elemento europeu que, mesclado à cultura indígena nativa e à africana, formava o cerne das tradições culturais do país.
Comentários
Postar um comentário