Dabke
O termo "Dabke" ou "Dabkeh" se traduzido literalmente quer dizer "bater pé" e corresponde a uma dança típica presente nos países como Libano, Siria, Jordania, Palestina, Iraque, Arábia Saudita e em algumas partes do Egito. Em partes do deserto africano nós podemos assistir outras danças semelhantes, filas de homens percurtindo os pés no chão, como em Marrocos, mas refere-se a outra dança.
Historicamente, como muitas danças populares, o Dabkeh surgiu com uma funcionalidade: a comunidade construia suas casas com pedras e madeiras e para isso precisavam ter o solo igualado e compactado. Os homens se reuniam em um mutirão, cantando e dançando de uma forma que o resultado fosse rápido e produtivo, mantendo uma atmosfera festiva e animada.
É comum observarmos danças semelhantes, digo com percussão nos pés, em sociedades agricolas, onde a relação trabalho e dança é bem conjugada, por exemplo em algumas tradições italianas e gregas, determinados movimentos de pés surgiram do amassar as uvas p/ produzir vinho.
Diversas regiões significam diferentes estilos de Dabke, mas, em geral, existe alguns elementos que se repetem e que determinam as características da Dança Dabke:
A Dança se faz em linha, tendo um líder chamado de "Raas" que quer dizer cabeça, ele corresponde e simboliza a árvore, com os braços erguidos e com voz de comando para ditar os passos a serem repetidos pelo grupo. Isso fazia muito sentido em uma época em que as comunidades eram divididas em clâs.
O "Raas" segura um "Masbaha", acredito que todos saibam é o rosário muçulmano com 99 contas ou 33, ou um lenço. Uma vez um senhor de aldeia me contou que ele, como líder utilizava um saco de pele e dentro colocava leite, no final das danças estava pronta a coalhada...eu não sei se é verdade ou se foi uma brincadeira, mas eu gostei da história e sempre coloco nas minhas aulas.
Antes da dança começar os músicos introduzem com um solo de mijwiz, uma flauta de bamboo característica e inesquecível, se você ouvir uma vez jamais se confundirá, saberá de olhos fechados que se trata de um Dabke.
O estilo mais conhecido de Dabke é o Al-Shamaliyya, dançado nos casamentos, batizados e feriados nacionais.
Mas não podemos deixar de falar do Niswaniyyah, dançado pelas mulheres, funciona mais ou menos como o dos homens, tendo uma delas como líder.
Segue aqui uma curiosidade, na Palestina, muitas vezes, se dança na beira de um rio, ou Oasis, com os pés dentro da água, uma remanescência de rituais muito antigos.
O que conhecemos atualmente como Dabke foi uma compilação de diversos estilos que os irmãos Baalback reuniram para compor o Festival Nacional de Dabke e assim terem uma dança representativa do país.
Além daquela história que a dança surgiu do trabalho entre os homens, também há uma versão interessante e que faz bastante sentido, pois remete 2200 anos atrás, na cidade de Tadmur, na atual Síria, houve uma rebelião contra o Império Romano e os homens criaram uma dança que pudesse fortalecê-los, aqui o Dabke é colocado como uma dança de guerra.
E faz sentido, quando estudamos as origens das Danças, vemos uma relação forte entre passos como saltos, gritos e sapateado com o treinamento dos soldados. O salto é uma manifestação de força e agilidade, os gritos e o sapateado, nos remetem à união de um grupo fortalecido.
Mas, o mais interessante disso tudo é a semelhança entre o Dabke e as danças russas. Como são semelhantes?
Existe claro uma relação entre ambas as danças: a cultura cigana!
Os ciganos estão presentes aqui também, são os clâs Nawar e Ghajar que mais influenciaram as danças lebanesas, turcas, kurdas, armenias e, claro, russas.
O principal e mais conhecido ritmo de Dabke chama-se Nawari 4/4, também os intrumentos utilizados para a musica são os mesmos para a música gawazee (cigana):
ou Tabla Baladi, Mijwiz, Mizmar, e a Kamanja ou Rebaba se for entre beduinos, já na música moderna é substituido pelo violino.
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