História da Dança do Ventre
Difícil precisar em que época nasceu a Dança do Ventre. O ventre tem sido arquetipicamente considerado como o jarro sagrado, o caldeirão alquímico no qual se origina a nova vida. Todas as civilizações agrícolas tinham seus rituais de fertilidade.
Para os celtas, que adoravam uma deusa mãe, a saúde da terra era ligada à saúde do rei - rei doente, terra doente, e a fertilidade das mulheres estava largamente relacionado à fertilidade da terra. O próprio cristianismo é um herdeiro dessa tradição. Cristo precisou morrer e renascer, como as sementes que precisam ser enterradas para que seus frutos venham a aparecer.
Toda tradição agrícola é, portanto, dependente dos ciclos naturais, das luas, das chuvas, dos ventos, do sol, do frio, do calor. Da mesma forma as mulheres, com seu ciclo menstrual mensal, estão submetidas à natureza e, portanto, aptas a entendê-la e a revivê-la em seus corpos, como de fato o fazem todos os meses.
Nos mitos do Egito antigo não é diferente, Ísis e Osíris foram os responsáveis por ensinar ao povo o cultivo da terra e o conhecimento das ervas. Os rituais de fertilidade, principalmente a parte primordial do mito, que dá conta da vida e do renascimento eram, portanto, em honra a estes deuses, embora muitos movimentos tenham incorporado outros deuses do panteão egípcio.
Apesar, e até por causa de tudo que foi dito até agora, parece-me necessário reconhecer que a Dança do Ventre possa ter se iniciado em vários lugares e de várias formas ao mesmo tempo. Além disso, se examinarmos as diferentes culturas no mundo encontraremos os movimentos sinuosos dos quadris, por exemplo, entre os ciganos, entre os havaianos, entre os africanos e com certeza muitos outros.
Tal qual é conhecida atualmente, é certo que a Dança do Ventre egípcia chegou até nós cheia de influências e um tanto modificada pelos caminhos que percorreu. Difícil dizer até que ponto os ritmos, os instrumentos e os movimentos foram alterados, mas sabe-se que os árabes e suas inúmeras conquistas de reinos orientais foram os responsáveis pela sua difusão, modificada em suas origens e transformada em festa, em alegria, o que também não deixa de ser uma celebração à vida.
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